Quando se fala em educação nos dias atuais evoca-se duas grandes revoluções: uma proporcionada pela invenção da impressora – no século XV, por Gutenberg –; outra trazida pela popularização da internet. A possibilidade de imprimir e replicar documentos desencadeou um tipo de aprendizado. Agora, a ideia de ter uma quantidade massiva de conteúdo à disposição em um dispositivo móvel traz à tona uma nova maneira de aprender: com a educação online.
Hoje, é possível assistir aulas de faculdade, fazer cursos profissionalizantes, aprender a tocar violão, fotografar, fazer exercícios, cozinhar, costurar, enfim… basicamente tudo, via internet. O ensino está se tornando à la carte, as interações entre aprendizes e mestres acontecem em fóruns de discussão e trocas de email, o Google Hangouts é uma ferramenta de videoconferência que pode muito bem funcionar como uma sala de aula. E por aí vai.
Mas, o que está por trás dessa revolução educacional? Será que a aprendizagem online é mesmo a educação do futuro?
Academia
A internet não somente democratizou a educação, como está fundamentalmente mudando a maneira como aprendemos. Para muitos estudiosos, o ensino online e à distância é uma evolução natural dessa segunda revolução tecnológica educacional: agora estamos sempre conectados, com redes de contatos que extrapolam as barreiras físicas e estão em vários aparelhos digitais. Por isso, aprender quando e onde quiser (ou puder) se tornou algo normal. É uma consequência dessa modernização do conteúdo.
Assim, milhões de pessoas passaram a buscar uma educação superior sem ter que de fato “ir” à faculdade.
As universidades começaram a responder a essa nova tendência. E, então, surgiram as plataformas de MOOCs (Massive Open Online Courses). Elas são, geralmente instituições sem fins lucrativos criadas por grandes universidades para disseminar disciplinas e cursos abertos pela internet. Um deles é o edX, criado em 2012 pelas universidades de Harvard e MIT – mas que hoje já conta com cerca de 50 instituições de ensino. O presidente do edX, Anant Agarwal, disse em entrevista à Forbes que o objetivo da empresa é “democratizar e reimaginar a educação para que qualquer pessoa, em qualquer lugar, independente de status social ou renda, tenha acesso a ela”.
Ainda segundo Agarwal, o edX tem três objetivos: aumentar o acesso à educação de qualidade, melhorar o ensino e o aprendizado no campus e conduzir pesquisas sobre como os estudantes aprendem. Para o educador, tão importante quanto criar cursos de qualidade e que correspondam à demanda de conteúdo de estudantes ao redor do mundo, é construir ferramentas online inovadoras e capazes de melhorar resultados no processo de aprendizagem.
Mercado de trabalho da Educação Online
Considerando-se que muito em breve (em cerca de 5 ou 6 anos) millennials e integrantes da Geração Z (ou Geração Conectada) – que são usuários digitais nativos – dominarão os ambientes de trabalho, é inevitável pensar em como as mudanças na educação afetarão esses lugares.
Esses profissionais não se contentarão com um salário legal, uma escala de crescimento dentro da empresa e um sonho de aposentadoria. Millennials, por exemplo, estão mais interessados em fazer diferença no mundo. São pessoas que realmente se importam com suas carreiras e se envolvem naquilo que fazem.
Nessa perspectiva, as empresas terão que se esforçar para tornar suas abordagens de ensino mais acessíveis e flexíveis; para suprir as demandas dessa nova força de trabalho, formada por profissionais espertos e interessados. Como discutido em artigo da rede SkilledUp, especializada em educação voltada para empresas, é esperado que muitos desses esforços educacionais sejam focados em dispositivos móveis na próxima década.
E os demais cursos online?
Embora muito tenha sido discutido sobre o futuro da educação em ambientes acadêmicos e corporativos, existem outras categorias de aprendizado que vem se disseminando por meio da internet. Três delas – empreendedorismo, qualidade de vida e hobbies – são muito importantes e trazem à superfície um mercado inteiramente distinto e inexplorado, mas que cresce exponencialmente a cada dia.
Empreendedorismo digital, economia criativa e colaborativa, coaching e marketing digital são alguns exemplos de abordagens de negócios que vem se solidificando e se tornando realidade para muitas pessoas graças aos cursos online. Todos os dias centenas de indivíduos aprendem a criar negócios pequenos e escaláveis com outros empreendedores e mentores que ensinam na rede.
Ao mesmo tempo, personal trainers, nutricionista, yogis e demais profissionais das áreas de saúde, fitness, alimentação e qualidade de vida em geral ensinam pessoas comuns a fazerem exercícios em casa, cozinharem refeições saudáveis sem gastar muito, meditarem e cuidarem da saúde. Isso porque surgiu uma demanda de pessoas interessadas em aprender a viver melhor sem precisar passar seus dias em academias, clínicas de estética e consultórios médicos.
Têm, ainda, as pessoas que querem aprender alguma coisa por diversão, por hobby. Tocar violão, desenhar, fotografar, falar inglês, fazer artesanato etc. E têm profissionais que querem adicionar habilidades ao skillset e se destacarem no mercado: fotógrafos que entendem de design, designers que entendem de fotografia, por exemplo. As possibilidades são inúmeras e, hoje, todo esse conhecimento pode ser transmitido pela internet.
Prós e contras da Educação Online
Pela perspectiva da aprendizagem, considerando as áreas discutidas acima, é possível elencar alguns pontos positivos quanto à educação online:
- a interatividade entre estudantes e professores, por mais que a maioria dos cursos sejam constituídos de aulas gravadas, as melhores plataformas de disseminação e venda de cursos online permitem que os estudantes conversem entre si e tenham acesso ao instrutor do curso que, por poder interagir online, pode ajudar um número muito maior de pessoas que em um curso presencial;
- a disponibilidade, pois o estudante tem acesso ao conteúdo e ao professor por muito mais tempo que uma aula de 50 minutos;
- o preço, já que um curso online tem custo muito menor que um curso presencial;
- variedade e praticidade, já que o estudante pode escolher os assuntos a serem estudados com base em seus interesses e necessidades, bem como consumir o conteúdo sem precisar se deslocar; e
- a flexibilidade de poder estudar da maneira que lhe for mais conveniente, no seu próprio ritmo.
Por outro lado, alguns educadores não acreditam tanto no compartilhamento de conhecimento na internet e se posicionam de maneira contrária. Um dos principais argumentos – defendidos pelos educadores Jason Lane e Kevin Kinser em 2013 – é que “milhares de estudantes em todo o mundo tendo o mesmo curso, com o mesmo conteúdo, com o mesmo instrutor […] é o início da McDonaldização do ensino superior”.
Além disso, eles fazem referência à ausência de relações interpessoais e redução de trocas culturais que existem em cursos presenciais.
CONCLUSÃO
Há dois lados na mesma moeda. Educação envolve tanto a habilidade de aprender sozinho quanto a necessidade de estabelecer contato com outros, discutir opiniões, debater pontos de vista. É verdade que a internet não substitui o contato físico. Mas, também é verdade que ela aproxima mundos que, de outra maneira, poderiam nunca saber da existência um do outro.
Se colocarmos em uma balança, os pontos positivos da educação online são maiores em número e em impacto. A internet democratiza a educação e, enquanto isso, estudiosos e empresas estão à procura de medidas para tornar os cursos e a experiência dos estudantes mais eficientes.
Ainda não chegamos ao estágio ideal, mas é seguro dizer que a educação online chegou pra ficar.
E você, o que pensa sobre o assunto? Na sua opinião, a internet é o futuro da educação?